sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Algumas doenças causadas pelos Nematelmintos

Ascaridiase 


O parasita é o Ascaris lumbricoides, que mede, 15 cm a 30 cm. Habita no intestino delgado, onde vive dos alimentos ingeridos pela pessoa parasitada. O ser humano infectado elimina ovos para o meio ambiente. A infecção ocorre pela ingestão de água e de alimentos, principalmente verduras contendo ovos embrionários.




  • Quais são os sintomas? A maioria das infecções é assintomática. A larva se libera do ovo no intestino delgado, penetra a mucosa e por via venosa alcança o fígado e pulmão de onde alcançam a árvore brônquica. Junto com as secreções respiratórias são deglutidas e atingem o intestino onde crescem chegando ao tamanho adulto. Em várias situações podem surgir sintomas dependendo do órgão atingido. A ascaridíase pode causar dor de barriga, diarréia, náuseas, falta de apetite ou nenhum sintoma. Quando há grande número de vermes pode haver quadro de obstrução intestinal. A larva pode contaminar as vias respiratórias, fazendo o indivíduo apresentar tosse, catarro com sangue ou crise de asma. Se uma larva obstruir o colédoco pode haver icterícia obstrutiva;
  • Como se faz o diagnóstico? O diagnóstico é feito pelo exame de fezes, onde se encontram os ovos do parasita;
  • Como se trata? Existem remédios específicos para erradicar a larva do organismo humano, todos por via oral;
  • Como se previne? Através de medidas de saneamento básico. É necessário, também, fazer o tratamento de todos os portadores da doença. A ascaridíase está mais presente em países de clima tropical e subtropical. As más condições de higiene e a utilização das fezes como adubo contribuem para a prevalência dessa verminose nos países do terceiro mundo.

Ancilostomíase (amarelão)

Os parasitas são o Ancylostoma duodenale e Necator americanos, que medem cerca de 10 mm. Vivem aderidos à mucosa do intestino delgado da pessoa parasitada, onde se alimentam do sangue. Os ovos são eliminados pela pessoa parasitada, se transformam em larvas. Penetram através da pele, alcançam as veias e chegam ao coração, daí seguem para os pulmões. As pessoas portadoras desta verminose são pálidas, com a pele amarelada, pois os vermes vivem no intestino delgado e, com suas placas cortantes ou dentes, rasgam as paredes intestinais, sugam o sangue e provocam hemorragias e anemia. A pessoa se contagia ao manter contato com o solo contaminado por dejetos. As larvas filarióides penetram ativamente através da pele (quando ingeridas, podem penetrar através da mucosa).



  • Sintomas – No local da penetração das larvas filarióides, ocorre uma reação inflamatória (pruriginosa). No decurso, pode ser observada tosse ou até pneumonia (passagem das larvas pelos pulmões). Em seguida, surgem perturbações intestinais que se manifestam por cólicas, náuseas e hemorragias decorrentes da ação espoliadora dos dentes ou placas cortantes existentes na boca destes vermes. Estas hemorragias podem durar muito tempo, levando o indivíduo a uma anemia intensa, o que agrava mais o quadro. Poderão ocorrer algumas complicações, tais como: caquexia (desnutrição profunda), amenorréia (ausência de menstruação), partos com feto morto e, em crianças, transtornos no crescimento;
  • Prevenção e Tratamento – As principais medidas de prevenção consistem na construção de instalações sanitárias adequadas, evitando assim que os ovos dos vermes contaminem o solo; uso de calçados, impedindo a penetração das larvas pelos pés. Além do tratamento dos portadores, é necessária uma ampla campanha de educação sanitária. Caso contrário, o homem correrá sempre o risco de adquirir novamente a verminose. No tratamento dos doentes, o remédio clássico é o befênio; também são eficazes o pirantel, mebendazol e tiabendazol.

Filariose ou elefantíase

O parasita é o Wuchereria bancrofti. Os vermes adultos provocam inflamação dos vasos linfáticos, impedindo a drenagem de linfa. O acúmulo de linfa produz inchaço nos pés, pernas, mamas e bolsa escrotal. É transmitida pelo mosquito, que ao picar uma pessoa infectada, espalha as larvas para outras pessoas.



  • Diagnóstico e tratamento – O diagnóstico é pela observação microscópica de microfilárias em amostras de sangue. Caso a espécie apresente periodicidade noturna, é necessário recolher sangue de noite, de outro modo não serão encontradas. A ecografia permite detectar as formas adultas. A serologia por ELISA também é útil. São usados antiparasíticos como mebendazole. É importante tratar as infecções secundárias;
  • Prevenção – Há um programa da OMS que procura eliminar a doença com fármacos administrados como prevenção e inseticidas. É útil usar roupas que cubram o máximo possível da pele, repelentes de insetos e dormir protegido com redes;
  • Progressão e sintomas – O período de incubação pode ser de um mês ou vários meses. A maioria dos casos é assintomática, contudo existe produção de microfilárias e o indivíduo dissemina a infecção através dos mosquitos que o picam. Os episódios de transmissão de microfilárias (geralmente a noite, a depender da espécie do vetor) pelos vasos sanguíneos podem levar a reações do sistema imunitário, como prurido, febre, mal estar, tosse, asma, fatiga, exantemas, adenopatias (inchaço dos gânglios linfáticos) e com inchaços nos membros, escroto ou mamas. Por vezes causa inflamação dos testículos (orquite). A longo prazo, a presença de vários pares de adultos nos vasos linfáticos, com fibrosação e obstrução dos vasos (formando nódulos palpáveis) pode levar a acumulações de linfa a montante das obstruções, com dilatação de vasos linfáticos alternativos e espessamento da pele. Esta condição, dez a quinze anos depois, manifesta-se como aumento de volume grotesco das regiões afetadas, principalmente pernas e escroto, devido a retenção de linfa. Os vasos linfáticos alargados pela linfa retida, por vezes arrebentam, complicando a drenagem da linfa ainda mais. Por vezes as pernas tornam-se grossas, dando um aspecto semelhante a patas de elefante, descrito como elefantíase. 

Bicho-geográfico (Larva migrans cutânea)

Transmitida pelo parasita Ancylostoma brasiliense. Parasita do intestino de gatos e cães. Os ovos eclodem na areia e podem penetrar na pele humana sem, contudo atingir a circulação. A larva provoca lesão de contorno irregular, semelhante a um mapa.



  • Progressão e sintomas: de incidência maior em países de clima subtropical e tropical, principalmente em regiões litorâneas, tais larvas costumam ser encontradas em areias de praias, tanques e parquinhos: locais onde os animais domésticos costumam defecar. Estando parasitados por estes helmintos, os ovos liberados juntamente com as fezes, em condições favoráveis de umidade e calor, se transformam em larvas em aproximadamente 24 horas, tornando-se infectantes alguns dias depois. Penetrando na pele humana, migram para o tecido subcutâneo. Lá, ao se locomoverem, deixam rastros semelhantes ao desenho de um mapa, estes localizados predominantemente nos pés, nádegas, costas e mãos – regiões do corpo que mais entram em contato com o solo. Provocam também inchaço, reações inflamatórias e bastante coceira, principalmente à noite. Tais manifestações podem atrapalhar o sono do indivíduo, propiciando um quadro de grande irritabilidade; e também causar infecções secundárias, devido ao ato de coçar. Além disso, como tais larvas eliminam substâncias tóxicas, podem causar alergias, tosse e falta de ar;
  • Tratamento: o tratamento é feito com o uso de pomadas específicas e/ou vermífugos; por aproximadamente duas semanas. Para alívio da coceira, pode ser interessante se fazer compressas de gelo nos locais afetados;
  • Prevenção: quanto à prevenção, evitar andar descalço em locais onde cães e gatos transitam, recolher as fezes de seu cão, deixá-lo em casa quando for à praia e levá-lo ao veterinário periodicamente impedem que você e outras pessoas se contaminem. Além disso, é necessário evitar contato direto com a areia da praia, principalmente quando esta estiver em local sombreado e úmido: local onde as larvas se desenvolvem.

Oxiuríase: Coceira Anal

É uma inflamação causada pelo verme Oxyurus vermicularis (ou Enterobius vermicularis) que se aloja no intestino grosso. Entenda-se por inflamação um processo de reação a um agente irritante que atinge um ser vivo. Caracteriza-se por edema (inchaço), hiperemia (vermelhidão), hiperestesia (aumento da sensibilidade dolorosa) e aumento da temperatura local eventualmente se acompanha de diminuição funcional e na dependência do local atingido pode passar sem que se perceba o processo.



  • Como se adquire? Esta verminose é adquirida pela chegada dos ovos deste parasita ao aparelho digestivo através de mecanismos como: a - deglutição - junto com alimentos, poeira de casa, objetos, animais, roupas contaminados com ovos dos oxiúros. Auto-infestação, no ato de coçar o ânus os ovos podem aderir aos dedos e então levados à boca. Após a deglutição dos ovos, no intestino as larvas se transformam em adultos, as fêmeas guardam os ovos fecundados e os machos morrem. As fêmeas migram para o cólon e reto, de noite elas Saem pelo esfíncter anal e depositam ovos na região anal e perianal;
  • O que se sente? Exceto pelo prurido (coceira) anal e por ocasionais episódios de diarréia a maioria das pessoas não sente nada. Infestações intensas podem causar vômitos, diarréia freqüente inclusive com excesso de gordura nas fezes, prurido anal constante, insônia. Irritabilidade, perda de peso, chegando à desnutrição;
  • Como se faz o diagnóstico? O diagnóstico pode ser evidenciado pela visualização dos vermes nas fezes (raro), em pesquisa de ovos no exame parasitológico de fezes e mais comumente pela pesquisa de ovos na região perianal e anal através de raspado anal (swab) ou fita adesiva;
  • Prevenção: A higiene de um modo sistemático, mãos, alimentos, animais, roupas, roupas de cama, brinquedos é eficaz na prevenção. O uso de água sanitária (diluição de 1/3) serve para maior eficácia na limpeza de objetos que não sejam atacados pelo cloro. 

Estrongiloidíase (estrongilodiose)

Doença causada pelo parasita Strongyloides stercoralis. Essa doença pode ser de caráter intestinal ou ser disseminada pelo corpo. O parasita pode viver no mundo exterior de forma livre e os seres humanos acabam infectados através da ingestão de alimentos com as larvas, ou através da penetração direta das larvas na pele. Essa doença ocorre geralmente em lugares quentes e úmidos.



  • Sintomas: Pequenas alergias na pele; Hemorragias pulmonares; Anemia; Diarreia; Emagrecimento; Desidratação e Irritabilidade. Na enterobíase disseminada a doença manifesta-se através de septcemia grave e ocorre mais facilmente em indivíduos com comprometimento imunitário, como ocorre na AIDS;
  • Diagnóstico: o diagnóstico da estrongiloidiase é feito por exames de fezes, que permitem detectar a presença do parasita no organismo;
  • Tratamentos: O tratamento é feito com medicamentos como Tiabendazol e Albendazol , durante 3 dias. Esses medicamentos eliminam as larvas e ovos do organismo do indivíduo infectado, mas não devem ser utilizados em gestantes;
  • Prevenção: A prevenção da estrongiloidiase pode ser feita através de precauções simples, como andar calçado em solos arenosos, não usar fezes como adubo de plantações e cuidar dos doentes para evitar a proliferação da doença.

Triquinelose (triquinose)

Os sintomas de triquinose dependem do número de larvas invasoras, dos tecidos invadidos e do estado geral do indivíduo. Os primeiros sintomas de triquinose surgem 2 dias após a infestação e incluem desconforto abdominal e febre abaixo de 38º C.



  • Sintomas: Os sintomas da doença triquinose são mais intensos 7 dias após a ingestão da carne infectada e podem ser: Inchaço das pálpebras; Hemorragias nos olhos; Dor nos olhos; Hipersensibilidade à luz; Dor muscular, especialmente nos músculos respiratórios, da fala, da mastigação e da deglutição; Dificuldade em respirar; Manchas vermelhas na pele; Sensação de sede; Sudorese excessiva; Cansaço. O indivíduo com sintomas de triquinose deve consultar o clínico geral para fazer o diagnóstico do problema e iniciar o tratamento adequado;
  • Tratamentos: O tratamento para triquinose deve ser feito com a ingestão oral de remédios antiparasitários, como Mebendazol e Tiabendazol. Porém, também podem ser necessários remédios anestésicos e anti-inflamatórios para reduzir a dor e o desconforto do paciente;
  • Prevenção: A prevenção da triquinose é feita com a ingestão de carne de porco bem passada, assim como seus derivados, como linguiça e embutidos, bem cozidos.

Tricuríase (tricurose)

A tricuríase é o nome que se dá a uma doença causada por um verme chamadoTrichocephatus trichiurus. Os ovos da tricuríase sobrevivem por meses ou anos no solo úmido e aquecido e eles podem chegar ao corpo humano quando o indivíduo consome alimentos contaminados com estes ovos. Ao chegar no intestino, a larva saem dos ovos e penetram na mucosa do intestino onde se desenvolve e se houver um macho e uma fêmea dentro do mesmo intestino, a fêmea pode colocar mais de 3 mil ovos por dia, que são eliminados junto com as fezes. Os vermes adultos podem sobreviver no intestino humano por anos pois alimentam-se do bolo fecal e do sangue do indivíduo.


  • Tratamento: O tratamento para tricuríase é feito com a toma de remédios para vermes como o Mebendazol ou Oxantel, por exemplo;
  • Sintomas: Os sintomas da tricuríase podem ser: Anemia; Diarreia; Enjoos; Vômito e Prolapso retal;
  • Transmissão: A transmissão da tricuríase dá-se através do consumo de água ou de alimentos contaminados com os ovos do verme. Inicialmente pode não surgir nenhum sintoma, mas à medida que a quantidade de vermes vai aumentando, os sintomas acima citados vão se instalando;
  • Diagnóstico: O diagnóstico da tricuríase pode ser feito através do exame de fezes;
  • Prevenção: A prevenção da tricuríase pode ser feita através de medidas básicas de higiene como lavar as mãos antes de preparar refeições, antes de comer, e sempre antes e depois de ir ao banheiro. É recomendado ainda não andar descalço e evitar molhar-se com água contaminada.

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